Depois da “Crónica
de Santo Adriano”, de João Aguiar, não poderíamos ter mergulhado melhor numa
outra obra. Tão boa quando a anterior, mas totalmente diferente dela. Os Pilares da
Terra foram publicados pela primeira vez em 1989 em Inglaterra, de onde o seu
autor é natural. Em Portugal, a tradução foi lançada apenas em 2007, dividida
em dois volumes que totalizam cerca de 1100 páginas.
É aquele livro
que agarramos e não conseguimos largar até chegar ao fim. Tom Pedreiro, Ellen,
Alfred, Prior Philip, Jonathan, Aliena, Waleran Bigod, William Hamleigh e
tantos outros que nos prendem e nos fazem acompanhar as suas vidas. Com efeito, visto que a narrativa decorre ao longo de uma parte considerável do séc. XI, acompanhamos
algumas das personagens desde o seu nascimento até a uma idade considerável. Assistimos
igualmente a nascimentos e mortes. A invasões e a guerras. Mas o grande pano de
fundo deste romance histórico é mesmo a construção de uma catedral. É torno
dela que tudo gira. Por ter uma ação narrativa tão alargada no tempo, permite
não só uma maior construção das personagens, como também conhecermos a sua própria evolução
ao longo da vida.
Uma obra bem
construída que jamais se conseguirá resumir sem perder o seu próprio brilho. Se
é muito boa, o final é apenas bom. Com efeito, apesar de tudo
convergir para o final em causa (ou para os “finais” das várias personagens),
este escorre muito rapidamente, sem o brilho da restante narrativa. Contudo,
não deixa de ser um dos mais fantásticos romances históricos que já lemos.