"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo."
Bernardo Soares
Livro do Desassossego

sábado, 28 de dezembro de 2013

“Marina”, de Carlos Ruiz Zafón


Foi o quarto livro do autor, depois da “Trilogia da Neblina”, e o último dedicado a jovens/ adolescentes, segundo a sua própria intenção, mas lido por muitos cuja faixa etária já está fora do que se pode considerar “jovem” (apesar da juventude ser, antes de tudo, um estado de espírito). É sem dúvida uma narrativa de suspense, pontuada com momentos altos e reviravoltas constantes. É narrada na primeira pessoa, por um dos protagonistas, Óscar Drai. E vamos tendo acesso às informações ao mesmo tempo que o narrador, seguindo assim por dentro a busca deste pelos acontecimentos passados em Barcelona anos antes dele.  

Aqui os dois protagonistas procuram respostas para um mistério que gira em torno de um médico, um cocheiro/ motorista dedicado ao seu patrão, um empresário falido e sem escrúpulos, um mendigo que vira o homem mais rico de Barcelona, e que se casa com uma atriz explorada como artista por dois irmãos gémeos. Paralelamente a esta, há a história dos protagonistas, cujo final não é feliz, porque a vida nem sempre é feliz. Como também não o foi para aqueles cujo mistério perseguiram.  

É uma obra que nos faz refletir em diversos aspetos humanos, quantas vezes contraditórios: beleza – deficiência física; lucidez – demência; vida – morte; mortalidade – imortalidade. É antes de mais um tributo à vida e faz-nos chegar a uma conclusão: a vida é breve, não sabemos quando pode terminar, há que a viver sem nos importamos (ou tentando minimizar) as nossas limitações físicas. 

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