A autora deste livro já esteve em alguns tops mundiais, nomeadamente o dos livros mais vendidos do Amazon (creio eu!). E
a minha opinião sobre a qualidade deste género de obras, por norma, não tende a
ser simpática (veja-se o caso d’ “As cinquenta sombras”). Contudo, como isto dos livros não é matemático,
e “O Estranho ano de Vanessa M” é um livro que, pessoalmente, acho que merece
verdadeiramente ser lido.
Um bom livro, sobretudo quando se trata de literatura
sobre o quotidiano, deve sempre tentar transmitir uma mensagem, ou seja, para
além de proporcionar o prazer de ler e de nos evadirmos dos nossos próprios
problemas, dar-nos também a possibilidade de pensar naquilo que queremos para a
nossa vida.
E Filipa Fonseca Silva traz-nos uma Vanessa na casa dos
trinta, casada, com uma filha, nem emprego com um chefe incompetente e que
detesta. E vive infeliz, porque sempre viveu a vida que os outros queriam ou
esperavam que ela tivesse, em detrimento daquilo que gostava e queria fazer. E
este livro é precisamente isto: a busca pela felicidade, o 'grito do Ipiranga'
para a descoberta de si próprio e do que quer fazer da sua vida. E sobretudo a
descoberta que só conseguimos ser felizes quando nos aceitamos e quando
mandamos as convenções sociais 'à fava'.
Poucas São as personagens que têm nome: São a mãe, a
filha, a tia, ....
E ainda Bem que assim é!
Com uma escrita escorreita, FFS mostra-nos tudo isto,
intercalando a ação narrativa com momentos de reflexão e humorísticos,
advenientes da tia, uma hippie que
fez aquilo que muitos gostariam de ter feito: viveu a sua vida sem se importar
com o que os outros pudessem pensar.
Deixa-se aqui alguns excertos desta nova
obra:
“Na nossa idade, já
ninguém vive com ninguém, filha. (…) Nã… cada um na sua casinha e, depois, lá
nos vamos divertindo quando nos apetece ou quanto as dores o permitem” (p.
27)
“O problema das
relações é que os homens esperem que as mulheres lhes dêm instruções e as
mulheres esperam que os homens lhes leiam os pensamentos” (p. 61)
“Os dias, as
semanas e os meses eram indistinguíveis e os anos pautados pelos mesmos
momentos: trabalho, férias, trabalho, Natal, novo ano, desejos e resoluções
abafadas por mais trabalho, outra vez férias e assim sucessivamente. Dei por
mim com trinta e tal anos e um futuro de monotonia pela frente. Dei por mim
infeliz, reprimida por um chefe tirânico, incompetente e que consegue levar as
pessoas à loucura.” (p. 164)
Este livro não é editado por nenhuma editora, pelo que se
pode dar os parabéns à autora por ter a coragem de se lançar sozinha nesta
aventura.
Sem comentários:
Enviar um comentário