Trata-se
de uma antologia de poemas escritos por Manuel Alegre, alguns antes da
revolução, outros no ímpeto revolucionário ou até em comemorações de aniversários
da revolução de abril, mas já todos eles publicados anteriormente. Os dois
primeiros blocos foram inclusivamente censurados ainda durante o tempo do
Estado Novo.
São
poemas na sua grande maioria curtos, e que nos trazem o país oprimido pela ausência
de liberdade de expressão e os ventos da guerra (como a famosíssima “Trova do
Vento que Passa”). De todos, talvez nos mereça especial destaque, neste ano que
se comemoram os 40 anos desta revolução, o último poema da obra, publicado em
1992 no Jornal de Letras, e dedicado a Salgueiro Maia, que reproduzimos abaixo.
Ficaste na pureza
inicial
Do gesto que liberta
e se desprende.
Havia em ti o símbolo
e o sinal
Havia em ti o herói
que não se rende.
Outros jogaram o jogo
viciado
Para ti nem poder nem
sua regra.
Conquistador do sonho
incosquistado
Havia em ti o herói
que não se integra.
Por isso ficarás como
quem vem
Dar outro rosto ao
rosto da cidade.
Diz-se o teu nome e
sais de Santarém
Trazendo a espada e a
flor da liberdade.
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