"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo."
Bernardo Soares
Livro do Desassossego

terça-feira, 17 de junho de 2014

A Revolta, de Suzanne Collins


Este é o terceiro livro da trilogia “Jogos da Fome”. Foi lançado em agosto de 2010 com o título “Mockingjay”, tendo sido publicada a primeira edição portuguesa em novembro de 2011. Este livro lança-nos por uma verdadeira vertigem de emoções. Sendo narrado na primeira pessoa, como os anteriores, acompanhamos, uma vez mais, a construção psicológica (ou será a desconstrução?) da protagonista. Começa o livro num estado emocionalmente frágil, encontrando apenas no ódio e no rancor forma de se manter viva. E é interessante ver a sua evolução. Mesmo quando parece que já não é o seu motivo de ódio que a mantém viva, isso é-nos relembrado. O seu objetivo final é matar X. E é curioso o resultado final da guerra.

Há um grande tema neste livro, sobre o qual nos podemos debater: os efeitos do poder. Com efeito, mais que organização da resistência, ao lê-lo deveríamos sempre perguntar-nos: até onde estão os mais poderosos (do lado da resistência ou não) dispostos a ir para manterem o seu poder? Para se manterem influentes e poderosos? E de que modo os perdedores podem usar isso mais ou menos a seu favor?


Quanto à trilogia em si, ela remete-nos para a queda dos poderosos que ascendem e se mantêm no alto do poder com base na repressão e subjugação de uma franja alargada de pessoas. Com efeito, mesmo que subjugadas e controladas, há sempre meio de escapar à submissão e os veículos desta podem por vezes flexibiliza-la, ainda que de uma forma incipiente, é o suficiente para acender um rastilho.

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