"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo."
Bernardo Soares
Livro do Desassossego

domingo, 14 de setembro de 2014

Mistério nas Caraíbas, de Agatha Christie


Este é o sexto romance policial da autora que tem como protagonista Miss Marple. Foi publicado em 1964. Aqui encontramos Miss Marple num cenário paradísico – as Caraíbas – mas que a ela enfadam bastante, pelo seu estilo monótono.

Contudo, uma mancha agita a monotonia daquele lugar: um velho chato aparece morto. E aquilo a que muitos parece uma coisa natural, deixa Miss Marple de pé atrás. E as mortes sucedem-se. E as pessoas não são o que parecem. Adultério e crime povoam as páginas deste policial. Miss Marple será auxiliada por um intratável idoso: Mr. Rafiel, que se encontra bem perto das portas da morte. Este chama-lhe “Némesis”, em alusão à personagem mitológica que representa a vingança divina.


É sem dúvida um bom livro dentro da saga Miss Marple. Ao contrário dos dois policiais anteriores protagonizados por esta, em que assume um papel mais passivo, vemos aqui uma Miss Jane Marple mais enérgica e mais ativa na resolução do crime que a rodeia. Quase que como se o calor das Caraíbas a rejuvenescessem face à fria Inglaterra. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Cão de Sócrates, de António Ribeiro


Lançado em 2011, este é o primeiro livro de António Ribeiro pejado de humor. Tenta assumir uma crítica social à classe política dominante (socialista, sobretudo), tentando denegrir a imagem dos políticos mais à esquerda, sobretudo (Louçã e Jerónimo também são levemente mencionados), assim com o próprio Paulo Portas, aonde nunca falta o assunto "submarinos". Assim sendo, esta crítica favorece sobretudo o "laranja" da nossa política. Mas esta é apenas uma leitura e uma interpretação do livro em questão.

É uma narrativa presente, em que nos fala na primeira pessoa o cão que José Sócrates adotou para S. Bento. Traça as principais linhas históricas (menos boas, sobretudo) que teve principalmente o segundo mandado de JS. 

Por fim, podemos avaliar este livro como razoável. Na verdade, a parcialidade política do autor - ainda que involuntariamente manifestada - estraga um pouco o conteúdo humorístico que este livro tenta transmitir. 

sábado, 6 de setembro de 2014

Fúria Divina, de José Rodrigues dos Santos


Lançado em 2009, é o sétimo livro do jornalista que virou escritor, sendo o quarto protagonizado por Tomás Noronha, o professor universitário que assume o papel principal em alguns dos romances de José Rodrigues dos Santos.

Desta feita, o autor aborda um tema muito presente no nosso mundo: o islamismo, o terrorismo, a jihad. A ação narrativa é bastante completa, em conversas entre as personagens que nos permitem ficar a conhecer melhor o mundo islâmico, sob o ponto de vista “ocidental” e do islão. Com efeito, esta é uma narrativa a dois tempos, que se encontra no final. Uma das ações é vivida pelo professor Tomás Noronha, recrutado por um organismo de combate ao terrorismo norte-americano. A outra é a história de um jovem egípcio, que se faz homem, e que vive os preceitos islâmicos a um ponto, chamemos-lhe assim, mais radical.


Não temos muitos termos comparativos, contudo, pessoalmente, parece-nos inferior em relação a outros livros do autor, nomeadamente ao “Sétimo Selo”, também protagonizado por Tomás Noronha.   

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Poesias Ortónimo, de Fernando Pessoa


Esta é uma coletânea e seleção de poemas de Fernando Pessoa – Ortónimo organizada pela Porto Editora. Tem presente poemas nas suas mais variadas formas, com métricas e rimas mais ou menos regulares, chegando a ter sonetos de Pessoa, como [súbita mão de algum fantasma oculto]. Traz muitos dos poemas que conhecemos deste poeta, como “Autopsicografia” ou “o menino de sua mãe”, e também algumas novidades. Poucas. A nosso ver, é uma seleção bastante pobre para um grupo que domina inclusivamente grande parte dos manuais escolares que por aí existem. Não vai mais além na poesia pessoana. Contudo, isto é apenas uma opinião.