"Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo."
Bernardo Soares
Livro do Desassossego

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Rio das Flores, de Miguel Sousa Tavares


Este foi o segundo romance do autor, posterior ao célebre Equador, publicado pela primeira vez em 2007. É a história da vida de um homem, que começa na sua adolescência e vai até à sua “meia-idade”. Traz-nos o retrato do Portugal do fim da monarquia, da agoniante primeira república e sobretudo do início do regime salazarista até ao final da 2.ª Guerra Mundial. De como viviam os grandes proprietários alentejanos. De como sobrevivia um indivíduo inconformado com o que o destino lhe dera: ser morgado, ou ser o dono de uma grande herdade alentejana. De como queria mais e queria ir mais além. E é isso que este livro retrata: a busca pelo seu lugar no mundo de um homem que não estava conformado com o que o destino lhe deu.

Encontramos aqui uma excelente construção narrativa, com processos encadeados ao longo das 600 páginas, alternados com uma descrição (excessiva, na nossa opinião) da situação política que se vivia naquela altura um pouco por todo o mundo. Personagens muito bem construídas, sobretudo o próprio protagonista, o seu irmão, a sua mãe e a sua mulher. Chegamos ao fim com sensação de conhecer o interior daquelas quatro pessoas no que de melhor e de pior pensam, das suas aspirações, dos seus desejos, dos seus amores, das suas paixões.


Todo o livro, para poder ser considerado uma obra literária, deve transmitir uma mensagem. A d’ “O Rio das Flores” é clara: Nunca deixar de lutar por aquilo que queremos para nós mesmos!

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