Editado pela Assírio e Alvim, este volume reúne as
três primeiras obras poéticas de Eugénio de Andrade. “Primeiros Poemas”
trata-se de uma seleção de dez poemas do autor das suas duas primeiras obras, “Adolescente”
(1942) e “Pureza” (1945). São poemas curtos, que variam entre uma e três
estrofes, e os maiores têm apenas onze versos. São poemas simples, pontuados por
ligações à agua (fonte, ribeiro), à noite, à natureza. Destes destacamos:
PAISAGEM
Entre
pinheiros
três casas.
Uma azenha
parada.
Uma torre
erguida
de fraga em
fraga
contra o céu
de cal.
E um silêncio
talhado
para o voo de
um moscardo
alastra de
casa em casa,
sobe à torre
abandonada
e sobe a
azenha parada
tomba
desamparado.
“As mãos e os frutos”, pulbicado pela primeira vez
em 1948, é uma obra com 35 poemas numerados, a maioria dos quais sem título. Ao
nível da forma vai do dístico a estrofes com mais de uma dezena de versos. Estes
poemas são pontuados igualmente por elementos naturalistas, por uma leveza, na
sua grande maioria. Os frutos são constantes (ou não dosse esse o seu título…
vão das espigas, vinhas, cerejas e romãs. Vimos igualmente um certo jogo de
sonoridades, que dá uma musicalidade à poesia (“e ficaria surdo e cego e mudo”;
“a tua vinha sem vinho”).
Por fim, “Os Amantes sem Dinheiro”, lançado em
1950, trata-se de cerca de vinte poemas, todos titulados. Transversalmente,
podemos considera-lo como sendo pontuado por três grandes temas: a liberdade
(personificada numa gaivota), a mãe e o amor. É inclusivamente o último poema, “Adeus”,
que nos traz o que fica do fim de uma relação.
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