“Crónica de Santo
Adriano” foi o nome que João Aguiar deu a um conjunto de três livros seus,
sequenciais cronologicamente falando, apenas no seu foro íntimo, segundo
palavras do próprio. São eles “Os comedores de Pérolas” (1992), “O Dragão de
Fumo” (1998) e “Catedral Verde” (2000). Tem como protagonista Adriano Carreira,
jornalista e escritor, marcado pela vivência com a cultura macaense e pela sua
ligação a Portugal. Este é um dos panos de fundo das obras: os momentos
pré-passagem de Macau, o Dragão de Fumo, ao domínio chinês.
Se os dois
primeiros livros se passam em Macau, entre aventuras e desventuras de Adriano
Carreira e da sua filha, o terceiro passa-se em Portugal, e “corre” no momento
em que é feita a transferência do território para a China. A obra é pontuada
por uma enormidade de pormenores que revelam um verdadeiro conhecimento por
parte do autor da cultura e da vivência macaense. Enquanto que os dois primeiros
livros são obras de ação, isto é, existe uma intriga, quase que policial, que
envolve toda a narrativa, “Catedral Verde” é essencialmente uma busca pela
própria descoberta do protagonista. Com efeito, “mergulhamos” dentro deste, de
uma forma bastante singular, acentuada pelo facto deste último volume ser
narrado na primeira pessoa.
É uma obra que se
pretende devorar. À medida que se vai lendo, quer saber-se sempre mais e ir
mais além. Sem dúvida uma das melhores leituras dos últimos tempos.
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